quarta-feira, 1 de outubro de 2008

- SOM NA CAIXA!

Quando chegou a moda do hip hop aqui no Rio eu já era adepta há muito. Sou da época do Monsieur Lima (messiê limá), quem lembra? Novinha, novinha, eu chegava da escola, almoçava e corria para TV para assistir o programa na Bandeirantes. Era início dos anos 80. Baixinho, com uma cabeleira Black Power, e roupas extravagantes, o DJ apresentava bailes funk e hits com a frase: “Som na caixa!”. O funk anunciado na época, não tinha nada a ver com o som dos bailes de hoje. Era expressão da música negra em ritmo soul, com pinceladas R&B, funk e Rap. Época em que as mixagens eram feitas em picapes de vinil e fita de rolo grande. Os primeiros videoclipes passavam na tv, com edições mal feitas, com imagens toscas, cantores cafonas. Tudo nos anos 80 era cafona. Mas vamos nos ater as músicas, que eram boas. A música tema, que eu me lembro que tocava sempre era: Shhhhhhaaaaa, push it good. Tã Tãnã tã tãtã... Salt’n’ pepa. Já era acho que por volta de 87.

Curto este som desde Run DMC, antes de Joseph Simmons virar pastor e muito antes dele sonhar em ter seu próprio reality show. LL Cool J, Dr. Dree, Salt’n’pepa, En Vogue, TLC rolavam direto em casa.

O estilo musical surgiu em reação aos conflitos sociais e à violência sofrida pelas classes menos favorecidas da sociedade urbana em NY. Com influência caribenha e jamaicana, o hip hop tranformou os confrontos entre gangues da época, que encontraram naquelas novas formas de arte (música, dança e grafite) uma maneira de canalizar a violência. Passaram a freqüentar festas e dançar break, e o mais incrível: competir com passos de dança e não mais com armas. Logo o ritmo se transformou em uma forma de se fazer ouvir, de protestar, mostrar ao mundo os problemas sócio-culturais que viviam. A nova sonoridade cresceu e também deu espaço a assuntos mais amenos, e não apenas politizados. Algumas letras eram banais e outras sexuais. As mulheres entraram no cenário e começaram a falar também de música, de curtição, de relacionamentos. O RAP (rhythm and poetry), foi um segmento deste movimento, com um discurso mais rítmico com rimas, trocadilhos e falado ao invés de cantado.

Hoje o hip-hop e RAP sem resumem a mulheres semi nuas se esfregando, e homens com colares de ouro, dinheiro, carrões, e mais mulheres semi nuas se esfregando. Não que antigamente não se abordasse estes temas. Mas era de forma mais leve. Hoje as mulheres são todas BITCHES e os homens todos PIMPS, todo mundo chifra todo mundo, ninguém presta, e mexa a bunda pra mostrar isso. ARG!

E pior... O ritmo? O mesmo. As letras? Variações sobre os mesmos temas, tudo igual. Mulheres, dinheiro, sexo, carrões... e não se esqueça de mexer a bunda! Eu juro que não agüento mais ver clipes da Beyoncé pelada, rebolando, e se alisando e dando aqueles gritos. Na cola aparecem Nicole Scherzinger, Rhianna e por aí vai. Precisa apelar este tanto? E os homens? DMX, T.I., Ludacris, Eminem, 50 cent... calças lá no joelho cinco vezes maior que o defunto, os cordões de ouro dos anos 70 ainda sobrevivem só que maiores e agora vêm com acessórios junto com dentes de ouro, brilhantes e sei lá mais o quê. ARG!

Hoje eu fujo dessas músicas. O que no início eu batia no peito e me orgulhava de há muito já estar nesta onda, hoje tenho aversão. O hip hop e o RAP que estão aí pararam no tempo. E o que evolui são apenas os xingamentos e os temas mais explícitos. Mas é mesmo necessário?

* Foto do gaiato Monsieur Limá

2 comentários:

Unknown disse...

haha estou com você nessa :D

mas eu confesson que fui no show do Akon :D, foi porre, um amassa-amassa, de dar dor de cabeça ¬¬'

ehh passo no meu blog e comentou um vez ! :D

adorei o "Reunião de Calcinhas" !!

Ezio san sobrevivendo da arte disse...

EU SOU EZIO SAN !!!
REVELATION ERA O NOME DO MEU GRUPO,AGENTE FAZIA SHOWS TODOS OS FINAIS DE SEMANA NOS CLUBES DO RIO E A PRODUÇÃO DO LIMA FILMAVA PRA PASSAR NO PROGRAMA. EU FIZ PARTE DESSE MOVIMENTO. TEMPO BOM !!!