terça-feira, 22 de julho de 2008

- QUANTO TEMPO O TEMPO TEM?


O tempo pergunta ao tempo
Quanto tempo o tempo tem
O tempo responde ao tempo
Que o tempo tem tanto tempo
Quanto tempo o tempo tem.


Esse trava línguas me faz lembrar minha infância. Saudade dos tempos que as horas não importavam.

Agora a falta de tempo me consome. O corre-corre do cotidiano me dá a sensação que estou sempre deixando de fazer algo, ou postergando tarefas. E nas raras horas vagas, o cansaço cisma em aparecer, com cara de poucos amigos e mostrando que veio para ficar. Que desagradável esse tal cansaço. Me leva pra cama antes da hora, me faz parar de raciocinar direito, me convence facilmente que o estado de letargia é a minha melhor companhia.

Falta tempo para fofocar ao telefone com meus amigos, falta tempo para deitar rede e olhar para o nada, falta tempo para passear o dia inteiro sem consultar o relógio (que eu já nem uso), falta tempo para organizar aqueles papéis e documentos espalhados pela casa, falta tempo para passar o dia cuidando de mim com massagens no cabelo, máscaras de tratamento no rosto, gel relaxante nos pés, falta tempo para levar minhas sobrinhas pra passear, falta tempo para ler aquele livro novo que comprei, falta tempo para visitar meus pais, falta tempo pra malhar, falta tempo para escrever no meu blog (ora vejam só!), falta tempo para ficar sem fazer nada..

Meu tempo se resume a minha sobra de tempo. Se sobrar tempo, eu faço isso ou aquilo. Odeio me programar com antecedência para um compromisso. Tudo pra mim a princípio é não. Não posso. A negação me poupa o constrangimento de cancelar e inventar desculpas, afinal não tenho tempo pra isso.

Há dias estou tentado escrever este post, e não consigo terminar. Ou tenho que sair, ou estou com sono, ou as palavras não surgem facilmente, e em um segundo já desvio minha atenção no computador para outro assunto, tenho muito a fazer.

Será que sou tão ocupada assim?

Sim sou, mas a falta de tempo não pode servir de desculpa para a acomodação. É muito fácil não poder, não parar, não fazer. Mas quem disse que a vida é fácil?

O dia não passará a ter 28 horas, nem os minutos serão mais lentos, mas o tempo precisa correr ao nosso favor.

E hoje começo uma nova fase. É por isso que estou aqui escrevendo, com calma, sem pressa, com interrupções, confesso (não se consegue tudo de uma só vez), mas sem culpa.

Descobri que meu problema maior não é o tempo escasso, e sim a falta de prioridades. É por isso que decidi tirar um momento do dia para mim. Prioridade é cumprir tarefas, trabalhar, estar na hora, ser responsável, mas prioridade também é se curtir, se divertir, se permitir.

O rádio está tocando e o bipbip me chama ao dever. Tenho que ir, MEU tempo de hoje já acabou. Foi curto, mas foi bom e foi só meu. Agora sigo o dia e me deixo levar pelas horas que não me pertencem mais.

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