segunda-feira, 27 de outubro de 2008

- PROMESSA É DÍVIDA. CADÊ?


Eleições definidas, novos prefeitos e vereadores. Agora só nos resta esperar e aguardar o que será cumprido. Dizem que promessa é dívida. Haha, acho que isso não é muito problema para os políticos. Mas enfim... Sejamos otimistas.

Eu não faço promessas. Parte porque não acredito, mas a razão mesmo é porque eu tenho certeza que não vou cumprir. Então nem arrisco. Vai que a parada se reverte contra mim? Sei lá. O máximo que me dou ao luxo é dar os três pulinhos para São Longuinho... eu realmente preciso dele quase que diariamente, e afinal de contas saltitar três vezes não dói.

Normalmente quem promete, oferece algo em troca. Mais do que justo! Mas não se vê realmente grandes sacrifícios. Hoje as pessoas ficam sem fumar por um mês, ficam sem tomar coca cola, comer chocolate ou coisas assim. Mas isso é realmente sacrifício? Vale o quanto pesa? Então assim, se eu conseguir tal emprego, não como chocolate por um ano. E Deus com isso? E o Santo? Vão pensar o que? “Ahhh legal, vai rolar uma dietinha forçada, você tá precisando mesmo.” Ou então, vou parar de fumar pra sempre. Daí eles pensam: “Hum, melhor assim, porque aí evita o câncer e eu não tenho que ouvir uma nova promessa pra se livrar da doença...”

Acho as promessas engraçadas. Alguns prometem distribuir docinhos no dia de Cosme e Damião. Alguns não. Muitos. O que mais se vê todo santo dia 27 de setembro é um bando de crianças se empanturrando de maria mole, paçoca ou cocozinho de rato (aquele docinho branco). Fiz minha parte, e ponto. Promessa paga! Rendeu o que? Mudou o mundo porque deu um monte de docinhos mixurucas? Alimentou crianças pobres? Vai pagar consulta nos dentistas para as cáries? Acho que não. Porque ao invés de sair distribuindo saquinhos na rua, não doa algo bacana para quem precisa? Porque não faz alguma caridade ao longo da vida e não apenas um dia do ano? Sempre me questionei quanto a esses docinhos duvidosos distribuídos por fiéis agradecidos. Quero não, obrigada.

Tem a famosa promessa de subir os degraus da Igreja da Penha de joelhos. A Igreja ganhou nova iluminação esta semana e está linda. Subir os 382 degraus de joelhos é dureza, e deve ser passaporte direto para o ortopedista. O pedido tem que ser realmente importante e valer a pena. Mas se pensarmos bem, um sacrifício de cerca de uma hora e meia, em troco de uma ótima saúde do filho, por exemplo, é uma barganha, né não?
Há alguns anos passou na TV imagens do Didi, Renato Aragão, pagando uma promessa. Não sei qual foi o pedido, mas ele teve que escalar o Cristo Redentor até o ombro. Pô, maneiro. Quem lembra? Com helicópteros, apoio da prefeitura, da Globo e super hiper bem seguro e assessorado, até eu queria. E sem ganhar nada em troca.

E quem lembra do Zé do Burro no filme Pagador de Promessas? Ahhh esse sim, sabia o que era sacrifício. Em troca da reabilitação do seu burro, prometeu carregar uma cruz imensa nas costas, lá da terrinha dele, até Salvador. Daí ao chegar, conta ao padre o motivo de sua ida, e por ter feito o pedido em um terreno de Candomblé, tem sua entrada vetada pela Igreja Católica. Persistente e irredutível, consegue apoio daqui e dali, de pessoas com interesses diversos, gera maior confusão e acaba morrendo em meio a conflitos. Final triste. Na última cena do filme, os manifestantes colocam o corpo morto de Zé em cima da cruz e entram à força na Catedral. Promessa paga!

Olha não tô aqui para condenar os que fazem promessas. Dizem que a fé move montanhas. Acho importante ter fé e querer algo com muita veemência. Cada um com seu cada um. Mas acho também que não devemos deixar a responsabilidade toda nas mãos dos “santos” e barganhar miserês em troca. Há de ter uma parcela de participação. Eu sou mais aquela: Se Maomé não vai a montanha, a montanha vai a Maomé! E como sabemos que as promessas dos políticos foi o motivo deles se elegerem, cabe a nós, os “santos” que os colocamos lá, diretamente ou não, pedirmos nossos docinhos em troca!
* Filme O Pagador de Promessas, de 1962, foi escrito e dirigido por Anselmo Duarte, baseado em história de Dias Gomes. Na foto os atores Leonardo Villar (Zé do Burro) e Glória Menezes (Rosa).

5 comentários:

meus instantes e momentos disse...

vim conhecer teu blog. Foi bom ter vindo, gostei daqui.
Ótimo post. parabens, muito bom.
Maurizio

Anônimo disse...

teste

Anônimo disse...

Coitada! Passei pra conhecer.....
Promessas? Q promessas?????
Bjs
Port

Marcelo disse...

Quase sempre sim, a primeira impressão é a que fica. Essa é a visão da maioria das pessoas que fizeram do mundo um lugar onde as impressões é o que dita as coisas.

http://tchannannan.blogspot.com/

Publisher Girl disse...

Eu adoro este filme. Uma das preciosidades do cinema brasileiro. Um tom poético e crítico indiscutível.