domingo, 7 de setembro de 2008

- A ARTE DE FALAR BEM... MAL


SARCASMO, IRONIA, HUMOR NEGRO, CINISMO, SÓ ALEGRIA

Outro dia resolvi redecorar um quarto. Daí comprei uma tinta linda lilás e tal, e decidi pintar apenas uma parte do aposento. Queria que a área de dormir ficasse mais aconchegante, e fui dar as instruções ao pintor. E começam as perguntas: “Você comprou esta tinta lilás, né?” - Sim. “E que paredes você quer que pinte?” - Do lado da cama, a parede do ar-condicionado e da porta. “De que cor?” - Laranja! Aí o pintor gaguejou e perguntou novamente: “Laranja?” - Não, né. Lilás! Qual foi a cor da tinta que eu comprei? Não foi lilás?

Aí segue o papo. “Ah, então você quer que pinte tais paredes, entendi. E você acha que vai ficar bom?” - Não, não acho. Mas eu me detesto, e vou pintar assim mesmo, porque eu quero que fique horrível! E ele: “O que?”Ain. Que sem graça. Sarcasmo sem entendimento às vezes é tão tedioso! Então respirei fundo e respondi com calma novamente todas as perguntas: as óbvias, as idiotas e as realmente necessárias, pois afinal de contas queria o serviço bem feito.

Nunca tive a pretensão em ser politicamente correta. Ninguém paga as minhas contas, e a sinceridade pode ser às vezes cruel, mas quem não é sincero de quando em quando? A diferença é que falo o que penso, e que muitas pessoas também pensam, mas na verdade não têm coragem de verbalizar. O que prefiro é falar com humor. Humor negro? Vá lá, que seja. Aliás, que fique claro que não estamos falando em grosseria, nem em verdades indizíveis, apenas uma pitada de cinismo, quando cabível, para pura diversão.

Não sou irônica, nem sarcástica sempre, mas têm pessoas e situações que pedem. Às vezes sai sem eu perceber. Ops, quando me dei conta já falei. Outras vezes falo com prazer, simplesmente porque eu sou assim. Um dos prazeres é justamente deixar o interlocutor com cara de bobo, e rir internamente. Outros apenas alfinetar, sempre com a intenção de se deleitar com a própria zombaria. Mas nos casos onde não sou compreendida, fico passada. Desperdiçar piada é chaaato toda vida, e ter que explicar frustrante! Passo.

Desde os primórdios a literatura se mostra grande recorrente ao sarcasmo e à ironia, assim como famosos cientistas e filósofos. Sócrates, dentre outras, dizia: “ O ideal no casamento é que a mulher seja cega e o homem surdo.” Oscar Wilde: “Quando eu era jovem, pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Hoje, tenho certeza.” E dele também é a conhecida frase: “A vida é muito importante para ser levada a sério.” De Albert Einstein: “O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.” e Picasso: “Eu gostaria de viver como um pobre, mas com muito dinheiro." Poderia passar o post enumerando pessoas, e frases. Como também citando da literatura portuguesa Eça de Queiroz, e da brasileira Machado de Assis, Nelson Rodrigues, o atual Ruy Castro… Um bando de sarcásticos. Talvez tenha mencionado todos acima pra mostrar que não estou sozinha, antes que me condenem.

Há aqueles que digam que o sarcasmo é uma ferramenta para o humor inteligente e sagaz, e claro, não é para qualquer um. Outros confundem este tipo de recurso com mau-humor. Ledo engano. Abordagens ácidas, não são necessariamente zombarias cruéis. É apenas uma figura de linguagem, com conteúdo sublimar, de uma visão bem-humorada. Bem humorada e em geral bem eloqüente, diga-se de passagem.

Para fomentar a questão, gostaria de finalizar mostrando outro prisma, de alguém também formador de opiniões - Jean Paul Sartre, que dizia “O sarcasmo é o refúgio dos fracos”.
E você, o que acha?


PS. Será que ele estava sendo irônico com os fracos? Hahaha ;-)

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