quarta-feira, 24 de setembro de 2008

- UM DIA DE CÃO


Na sala de aula.
- Professora, o que é solteira?
Vira um outro menininho, levanta a mão todo afoito e responde:
- Eu sei! Eu sei! Eu sei! É uma moça que mora sozinha e tem um cachorro!!!

Hahaha. Nem me lembro que me contou esta historia, que se não fosse verídica, pareceria piada. Mas realmente aconteceu.

Recentemente EU vivi meus dias de “solteira”.

Minha irmã viajou e pediu para eu ficar uns dias com a cachorra dela, uma Schnauzer de meses. Assumi a tarefa meio na dúvida. Mas como eram só poucos dias, quantos eu quisesse, me senti mais aliviada para aceitar. O caseiro estaria lá em caso de emergência e devolução de “mercadoria”.

Me arrumei pro trabalho e fui buscar a Lua (nome da cachorrinha). Ia começar minha árdua tarefa. Digo árdua porque sou daquelas pessoas que tem pânico de dependência. Quando mais nova tive cachorros, mas morava com meus pais, e eles que cuidavam. Eu só ficava com a parte boa de brincar. Ainda lá tive o Vicente, um peixe Beta. Só meu. Minha tarefa era alimentar o bichinho uma vez por dia, e trocar a água uma vez por semana. Não durou muito. Morreu!

No momento, o máximo que me deixo comprometer é com uma planta em casa. As outras são meio que descartáveis, morrem e eu jogo fora. Esta única que estou tentando criar comprei baratinha por trinta reais, pois do tamanho original que eu queria na verdade custava 450 reais. Uma baita diferença. Então resolvi comprar pequena e “criar” minha plantinha. Espero chegar lá.

Busquei a Lua e fui direto ao trabalho. Até então tudo certo, ela é calminha e não é do tipo de cachorro esganiçado que quer ficar pendurado na janela tomando vento. Não. Sentadinha, quietinha. Comecei a achar que meu carro já tava ficando com cheiro de cachorro, de resto, longa jornada tranqüila.

Lá no trabalho o staff adorou. Mas pra mim tudo começou a ficar meio restrito. Primeiro fiquei tensa da Lua perambular pra cá e pra lá e incomodar os outros. Não é todo mundo que gosta de animais. Aí dei ração. A bichinha não comia. Só se desse na boca. Dei, né... Distraída, continuei trabalhando, e daqui a pouco. Heeei, um cocô. Mas já? Não sabia. Come e já tem que levar pra passear logo em seguida? Ninguém me avisou!

Segue meu dia. Toca meu cel. “Dani, vamos jantar fora hoje? No Leblon, tal hora a gente se encontra...” - Não posso. Tenho que voltar pra casa porque estou com a cachorra da minha irmã. Mais tarde outro telefonema. “Oi amiga, tá passando um filme ótimo, vamos ao cinema?” – Ain, não posso, tô com a cachorra da minha irmã. Ihhh que relação estressante essa de dependência. Não posso fazer nada.

Voltei para casa, mas antes fiz a Lua passear bastante para não correr o risco de fazer nem xixi nem coco no carro, pois o trânsito seria complicado. Cheguei em casa, arrumei um cantinho na varanda. Paninho para ela deitar, jornal, comida, água, tudo certo. Luaaaaa. Fica aí. Aí!! Deito na cama, e lá vem ela toda se achando e pula na cama. Heeeeeeeeeeeei, pode ir descendo. Fica na varanda. Aí! Aííí! Deita, vai dormir. Apaguei a luz.

Dia seguinte, seis e pouca da manhã, barulho de papel rasgado, alguma coisa sendo arrastada... Pronto, a Lua acordou. E me acordou. Que sono! Virei para continuar dormindo. E aí pensei, será que ela fez xixi e cocô? Saco. Levantei e fui ver. Nada. Que bom. Menos mal, não tenho que limpar nada. Voltei a deitar para dormir mais um pouco e vem o pensamento: E se ela fizer agora? Aaaaai. Levantei, coloquei uma roupa e lá fui eu passear. Melhor levar a cachorra pra passear do que limpar o chão da varanda.

Um novo mundo se abriu para mim. Cedinho, frio, eu na rua de óculos escuros, com uns saquinhos plásticos na mão, passeando com a cachorrinha. “Bom dia”, fala um casal de velhinhos que passa. Bom dia! “Bom dia”, fala a senhora que passeia com seu cachorro. Bom dia! De mais de 15 pessoas que encontrei passeando com cachorros, eu e uma menina éramos as únicas com o saquinho na mão. E o cocô dos outros cachorros, vai pra onde? Não vai. Fica na rua. Que vergonha.

Voltei, fui pro computador, e fiquei tranqüila em deixar a Lua solta pela casa, pois já tínhamos passeado. Snif snif snif. Que cheiro é esse? A Lua está bem do meu lado. Que cheiro ruiiiim. Cheiro de cachorro. Fui trabalhar. Bom, a Lua já não foi no carona, foi no tapete do carona. E se meu carro pegar o cheiro? Arg. Cheguei no trabalho e a primeira coisa que fiz fui procurar um Petshop para dar banho. Esse cheiro num dá.

Novamente foi o dia dos convites. “Dani, tem uma peça...” Não posso, tô com a cachorra da minha irmã. Hum, isso começou a me incomodar. Voltei pra casa, a Lua já conhecia o seu cantinho e foi direto para a varanda. Limpinha, com novos lacinhos, mas pera aí... Eca, ainda está com cheiro de cachorro. Lógico, porque o cheiro é dela mesmo. Não sai. Me deu pânico. Minha casa é toda cheirosinha. Tenho um spray especial para a cama, um difusor de essências para o banheiro, um home spray bilhardário para a sala, sachês no banheiro de visitas... e cheiro de cachorro pela casa toda. ARG.

Dia seguinte, seis e pouco, acordamos eu e Lua, e fomos passear. Felizes, já conhecíamos a rotina. Eu com os saquinhos e ela com as necessidades. Bons dias pelo caminho, e casa de volta. Entrei em casa. Cheiro de cachorro. Pânico. Pânico. Pânico. Lua, você é linda, boazinha, mas sinto muito, vai para casa AGORA! Peguei, liguei para o caseiro e não eram nem oito e meia da manha eu já estava de volta em casa. Livre leve e solta. Sem a Lua.

Meus dias de “mulher solteira” foram difíceis. Não estou preparada para isso ainda. Prefiro treinar com a minha plantinha, até que ela chegue ao almejado tamanho de 450 reais. É o máximo que posso me comprometer por hora. Mulher solteira é uma moça que mora sozinha e tem um cachorro? Correndo do estereótipo!! O cachorro fica mais pra frente. Quem sabe casada.


* foto da minha plantinha: Beaucarnea Recurvata. Popularmente conhecida como pata de elefante, noli.

7 comentários:

Anônimo disse...

Não consigo imaginar ter um cachorro. Não é pra mim. Tem que cuidar? Dar banho? Comida? Os dos outros são lindos e legais, mas lá na casa dos outros.

Dani Uzeda disse...

haha, lembra como a Natasha gostava de vc, e sempre se sentava encostada qdo vc vinha? de propooooosito. haha

Anônimo disse...

Bom... eu sou suspeita pra falar de bicho em casa. Segundo a Rô eu vou (já estou, né?) igual àquelas "velhas loucas do bairro" que tem milhões de gatos em casa (aqui são 5).

Mas gato não precisa levar pra passear e não fica aporrinhando por atenção (mentira: eu tenho um que é meio carente).

Não chega a ser um bicho auto-limpante, mas fazem as necessidades todas na caixa de areia lá fora e o trabalho de limpar é um só.

(o link do comentário vai pras fotos deles)

Anônimo disse...

A Natacha era tão antipática e metida. Era uma cachorrinha dondoquérima e brava. Mas, por eu ter o maior medo e nervoso, lá vinha ela.

Dani Uzeda disse...

Qto gatooooo. Vi as fotos. A velha louca do bairro.. haha. isso já rendeu filme, novela... Rsrrs

Dani Uzeda disse...

Qto gatooooo. Vi as fotos. A velha louca do bairro.. haha. isso já rendeu filme, novela... Rsrrs

Anônimo disse...

necessario verificar:)